sábado, 27 de novembro de 2010

Alô?!?!?!

Telefone... esse estranho objeto...
Alexander Graham Bell  quando inventou o telefone talvez não tivesse dimensão do quanto esse aparelho seria usado hoje em dia.  O telefone já foi sinal de status, era caríssimos e raros...Não era todas as regiões que existiam e nem todas as ruas cabeadas "Fulano tem telefone em casa.... Telefone e um Passat bordô!"
Lá em casa acontecia uma oscilação financeira... ora tínhamos coisas ora não tínhamos mais...
Se não me engano, o primeiro telefone que tivemos em casa, no final dos anos 70 ou inicio dos 80 era
296-7431... Alguns vizinhos tinham o número para dar como recado... apenas em caso de emergência... Lembro de alguns vizinhos irem em casa atender uma ligação para eles... Chegavam felizes, envergonhados e as vezes preocupados.. Afinal só se ligava em situações de emergência. Mas quase sempre não era coisa tão grave assim... Claro... houve telefonemas avisando que um parente faleceu,  que a irmã foi internada e precisava de algum contato.. Teve gente que foi chamado para entrevista de emprego e teve os que tiveram a noticia que eram tios, ou um novo primo veio ao mundo... Enfim, o Alê foi um cara muito feliz nessa invenção.
E claro quando inventaram o telefone, devem ter inventado o trote também...
Ah os trotes... como eu adorava passar trote... Eu era um grande filho da puta nesse ponto... Ligava de madrugada e pedia pra falar com o Dunha...

_Alô, é do açougue?
_Não
_Mas a vaca da tua mãe está aqui em casa...

Uma vez ligue pra policia e falava que estava sozinho em casa e ouvia barulho no quintal... eu falava baixinho.. fazia voz de quem estava com medo... um pobre garoto assustado.. passei o endereço de uma rua do bairro..  A atendente estava quase passando um rádio para uma patrulha, mas perguntou.. você está falando sério né?? Eu falei que não e desliguei meio cabreiro... Até onde eu sabia... não existia identificador de chamadas na policia... mas vai que eu estava errado...

Já comecei namoro pelo telefone e já terminei também... Já levei fora e passei o fim de semana sem companhia, já matei saudades... e muitas saudades...
Com meu amigo Cabará, fiz uma música pelo telefone... "A menina e a Rosa"..
Declamei poemas, fiz serenata e fiz juras de amor ... Já chorei de saudades ouvindo uma voz...
Pedi musica na rádio e ganhei premios também.. 
E o primeiro que ligar ganha um ingresso para o show do... êêê
Ok.. Ok... eu confesso... Também já fiz sexo pelo telefone e foi legal... não foi naqueles tele-sexo...

Agora é essa coisa de celular, que também um dia foi coisa de gente fina e chique, que ostentava aquele tijolo preso ao cinto que dava até dor na coluna... Hoje em dia, o mundo é globalizado, o mundo está em ascensão financeira... o mundo está bombando... todo mundo tem um celularzinho em casa.. ou melhor no bolso/bolsa...
Tem a galera que leva na mão... eu sou um desses...
Tem gente com 2, 3 celulares... caramba.. Vai ser high tech assim lá na China
E nisso tudo encontramos gente estranha... muito estranha...

Eu conheci uma moça que tinha pânico de celular... fazíamos parte do mesmo grupo de auto-ajuda de pessoas com transtorno do pânico...
Ela me passou o numero, pois queria conversar.. estava em um momento aflitivo... mas disse.. provavelmente eu não atenda... E não atendeu mesmo...
Tenho um amigo que sempre atente o celular... menos quando está com a namorada... provavelmente ela vai brigar com ele... eu acho que não tem nada a ver... mas vai entender né?
Conheço uma que não atende quase nunca.. tipo finje que nem é com ela... que não ouviu, que esqueceu... enfim...  
Minha esposa coloca um toque que ninguém ouve... e ainda po cima deixa dentro da bolsa...
Meu funcionário atende o celular sem olhar para o identificador.. na verdade ele não lê muito bem... ele fala que sim, que não.. tudo bem... mas na verdade ele nunca entende o que a gente fala.... Eu sempre termino... tá bom Tião... ele fala que tá bom... Ta bom porra nenhuma... não entendeu nada do que eu falei e uma vez ainda disse.... Quem tá falando?? Perguntou no fim da conversa...
Estudo com uma menina que escreve mais rápido mensagem no celular do que no computador...
Tem uma outra amiga que não atende número que ela não conheça... Se a gente muda de numero ou ligar de outro telefone, ferrou!!! Tem que avisar primeiro por e-mail ou pessoalmente.. dai ela faz as devidas alterações...
E uma outra amiga tentou se livrar do telefone... ficou alguns meses sem... mas disse que a pressão é muito grande...Voltou para a tecnologia... eu mesmo fiquei um mês sem celular.. foi bom e tenso...
E de tudo isso, vejo graça naquelas pessoas que falam no celular como se estivessem falando no rádio...
e como diz uma amiga... coisa de pobre...
E ai?? Rolou uma identificação???
É o que tem pra hoje!!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ô crianças.. isso é só o fim..

FINAR
v.i. Findar, acabar.V.pr. Definhar, emagrecer.
Morrer.

02 de Novembro é sempre um dia tenso para mim. Uma porque essa coisa de morte é muito difícil de ser aceita.. Confesso que tenho um puta cagaço de morrer. Pronto, falei!!!
Outro porque aqui na família rola uma tristeza pela galera gente boa que partiu, no caso, meu irmão e minha avó mais recentemente... Por mais que o tempo passe, é saudoso e saudade é triste.
Mas o principal motivo de toda essa tensão (e isso é uma coisa muito particular), é porque foi em um dia de finados que morri pela primeira vez na vida. E é uma morte viva, uma morte que te deixa paralisado e consciente de tudo.
Bem, o nome dessa "morte" é Transtorno do Pânico ou a famosa Síndrome do Pânico...
Freud já descreveu essa porrada de sintomas no século passado, já teve várias nomenclaturas.. Enfim a coisa é antiga e por um bom tempo os médicos acham que era frescura...
Mas o mais legal são os conselhos ou comentários que recebi ao longo desses anos todos...

_Isso é falta de cachaça... toma umas que passa.. hahahahah
_Cara, está faltando Jesus na tua vida.
_Vai pescar...
_Você precisa é comer uma puta... bora pra um putero
_Por que você não passa em um homeopata?
_Olha, um tio da minha esposa estava assim, como você.. Levei ele na minha igreja e está ótimo. Alias, tem um culto amanhã, vai lá.. fala com o pastor, ele vai tirar essa coisa que está destruindo a sua vida.
_Esporte.. muito esporte.. natação, hidroginástica que não tem impacto.
_Oonnnnnnnnnnn... onnnnnnnnn meditaçãoooooooooonnnnn
_Conheço um pai de santo fortíssimo lá em....
_Já foi no centro espírita? tomar um passe? tranquilo viu, mesa branca, kardecísta..
_Ah.. para de frescura...Isso é viadagem... Reage porra!!!
_Encosto... tem muita inveja em cima de você.
_Vai carpir um cafezal.
_Cabeça vazia é morada do capeta!

Enfim, todos tem uma solução e opinião para o problema alheio... Mas essa coisa de pânico não é brincadeira, apesar de ter me feito fazer coisas hilárias e constrangedoras, tipo invadir a sala do médico no hospital com os braços estendidos, (pra ele medir a pressão) olhos arregalados, e a fala caguejante... "Tô.. tô.. tô morrendo...."
Ou mesmo ficar quase uma hora em pé na fila do banco e na hora de passar no caixa, sair correndo...
Vir com a cabeça para fora do táxi, voltando da faculdade, pegando ar.. Me senti um cachorro quando sai pra passear de carro, e o motorista completamente desconfiado do meu comportamento. Ou ter dois aparelhos de pressão e ficar medindo compulsivamente; Tomar um comprimido na porta do hospital por medo de ter uma reação alérgica...Ficar com a mão no pulso sem ninguém desconfiar pra ver se o coração está batendo. 
Enfim, é trágico e cômico, eu reconheço.
Judia muito e as crises podem te deixar limitado... Eu nunca me entreguei a tudo isso, por mais doloroso que tenha sido, físico e psicologicamente falando. Cada sensação diferente em meu corpo, eu tinha certeza que agora era pra valer, ainda assim, eu sobrevivi e na medida do possível com humor. Um vez com fortes dores no peito, decidi sair pra correr.. se era pra ienfartar que fosse agora, pensei... não foi...ainda bem, mas uma dor no peito sempre deve ser investigada... e quase sempre um luftal resolve.
E é assim que eu passo o dia de finados, triste, apreensivo e cantando parabéns para o meu fantasma que me acompanha há 17 anos.
É o que tem pra hoje...