quarta-feira, 29 de abril de 2009

Eu tenho medo e medo está por fora, medo anda por dentro do meu coração...

Em 02 de Novembro de 1993 tive meu primeiro (mega mal estar súbito de sentir a morte batendo na minha porta, e eu dizer..fudeu!!!) de uma série que se repetiria e mudaria minha vida para o todo sempre....
Foi assim:
Acabara de chegar de Atibaia onde fui passar o feriado prolongado com meus pais. Estava assistindo ao Jornal Nacional as reportagens sobre o dia de finados no Brasil... aquela mundo de gente pra lá e pra cá, chorando seu mortos...
Eu estava particularmente impressionado com a morte de um ator engraçado, o marido do 1° Casal Unibanco, fez TV Pirata e o santo google diz que o nome do ator era: Felipe Pinheiro.
Um cara assim, novo, 33 anos e encontrado morto no ap. A notícia diz que ele era hipertenso. Mas um monte de gente é hipertenso e não é achado caído no chão, pelo menos eu nunca ouvi falar... Aquilo me impressionou demais, o cara estava fazendo uma novela tb... ( é tão estranho, os bons morrem jovem).
Então... eu lá, largado no sofá assistindo TV quando começo a sentir uma coisa muito estranha... Um calafrio percorreu meu corpo da unha dos pés até o couro cabeludo. Senti algo único e indescritível para ser transformado em linhas. O pavor, sim pavor, não era medo... Meu coração acelerou de uma forma impossível de contar os batimentos... Deitei na cama e havia um crucifixo... olhei pra Ele e pedi ajuda... sou novo demais eu pensava... estou morrendo... sentia que estava partindo e era questão de segundos... o ar não vinha, meu corpo tremia... meu peito doía... entre meus pensamentos aceleradíssimos e desordenados, pensava que já era... chegou a hora... 24 anos e enfartando... sempre ouvi dizer que enfarte nessa idade é fatal, pois é.. fudeu mesmo!
Pensei na cor azul.. pra acalmar... eu era meio zen nessa época... tentava respirar fundo pra me acalmar... não conseguia pois o ar não vinha.. estava completamente travado... fui colocado no chuveiro... não tinha forças pra ficar em pé... mas o banho me aliviou um pouco, os sintomas perderam um pouco daquela força toda... me olho no espelho e vejo uma pessoa pálida, abatida e assustada.,... muito assustada... olhos arregalados com cara de terror.
Visto uma roupa de qualquer jeito e vou para o pronto socorro...
Entrei com muita falta de ar, tremendo, com fraqueza, com o cu na mão. Pelo jeito era grave mesmo pois me levaram direto para o ambulatório, fecharam as cortininhas e me isolaram... Veio o médico, mediu a pressão que estava um pouco alta, depois fez um eletro, ele tentava me acalmar, meus batimentos já não estavam tão acelerados assim. Saiu deixando-me só, entre aqueles biombozinhos, passei melhor o olho pelo local e havia um desfibilador ao meu lado esquerdo.. putz.. Que medo de tudo isso... Alguns minutos depois, apareceu um enfermeiro com um comprimido pra eu tomar... coloquei na boca e antes de engolir perguntei o que era.. Um calmante disse o rapaz vestido de branco com cara de: toma essa merda logo.
Passado mais uns 5 minutos retorna o médico, estetoscópio no pescoço, confere o coração, a pressão arterial e pergunta como me sinto..
Disse que assustado, mas melhor do que entrei, parece que tomei um choque e ficou aquele zuin zuin no corpo... não sei como descrever isso, mas era como se eu tivesse um choquinho constante na pele... uma vibração...
_O que eu tenho Dr?
_Nada.. Está tudo normal, vá pra casa e descanse...
Nada é o caralho, eu pensei. Eu praticamente morri, voltei, senti arrancando minha'lma.
Porra... o que eu tive?
Foi muito punk... muito trash, muito louco e muito ruim... ruim de mais, assustador..Assustador é pouco, foi aterrorizante...
O diagnóstico do que aconteceu comigo eu tive em uns 7 dias, após passar novamente em um clinico geral e um cardiologista, fazer uma bateria de exames (sangue, eletrocardiograma, ecocardiograma, eletroencefalograma)
Nada... tudo normal...
Comecei a achar que havia um doença muito rara e ninguém sabia o que era.
Após 3 dias eu sentia que havia tomado uma surra... sempre tenso...estava ficando louco..
Aqueles choquinhos não paravam...
Fui a um psiquiatra... Dr. Rubens Pitliuk o cara é fodão... (olhem o currículo)
Me ouviu pacientemente e me deu um papel para ler... eu lia e ria... lia e ria... nervoso, mas ria.. ufa!!! O que eu tinha estava lá, e tinha nome. eu não estava louco.. quer dizer.. eu estava em uma consulta psiquiátrica...mas todos os sintomas, muito bem escritos, parecia até que alguém me acompanhou e fez uma narrativa de minha saga, médicos, exames, pensamentos...
O nome: Síndrome do Pânico , sim existia um nome.
Pois é... às vezes ainda sinto umas coisinhas assim.. do nada... ou do tudo... e ainda tomo uns remedinhos de vez em quando...
Senti um pouco disso ontem a noite... Passou
To aqui... de volta... e como sempre... sobrevivi...

2 comentários:

  1. "...quem aguentar esse carrocel desvairado, sem vomitar nada, nenhuma neurose, nenhum medo, quem segurar essa onda sem ter um desmaio, um vertigem, um dor de barriga, quem não girar junto, quem chegar até o fim sem pedir pra descer,
    na boa? não viveu! vai ter que entrar na fila do brinquedo de novo!"

    Vé (ia)

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  2. Senti o mesmo a primeira vez em 97. Pensei que ia ter um treco do coração. Fui até a Santa Casa pensando que não era justo, não era a minha hora. Tudo normal.

    Até entender, vivi um tempo em meio a uma negra que me engolia e me embotava o cérebro, e chegava com hora marcada: às 15h00, todo dia... Até que encontrei um anjo salvador, um psiquiatra do qual infelizmente não lembro o nome, que me esclareceu, me convenceu de que eu não era louca (só um pouquinho, talvez... afinal, quem não é?) e me disse que: não somos um saco sem fundo; não somos super e não conseguiremos resolver todos os males do mundo; não devemos nos lamentar pelo que não temos; devemos apreciar mais o que está ao nosso alcance; o agora é muito melhor que o futuro, e o futuro deve ser uma construção diária de como vivemos cada momento.

    Bom, teve um remedinho também, mas esses conselhos me valeram ouro!

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